A cirrose Cirrose hepática Cirrose é a distorção disseminada da estrutura interna do fígado que ocorre quando uma grande quantidade de tecido hepático normal é permanentemente substituída por tecido cicatricial não funcional... leia mais (cicatrização que altera a estrutura do fígado e compromete a sua função) é a causa mais comum em países ocidentais.
A hipertensão portal pode levar a um abdômen inchado (ascite Ascite A ascite consiste em um acúmulo de líquido (ascítico) que contém proteínas dentro do abdômen. Muitos distúrbios podem causar ascite, mas o mais comum é o aumento da pressão arterial nas veias... leia mais ), desconforto abdominal, confusão e sangramento no trato digestivo.
Os médicos baseiam o diagnóstico nos sintomas e resultados de um exame físico, às vezes, com ultrassonografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM) ou biópsia de fígado Biópsia de fígado Os médicos podem obter uma amostra do tecido do fígado durante uma cirurgia exploratória, mas é mais frequente que obtenham uma amostra introduzindo uma agulha oca no fígado da pessoa através... leia mais .
Os medicamentos podem reduzir a pressão arterial na veia porta, mas se ocorrer sangramento no trato digestivo, é necessário tratamento de emergência.
O tratamento às vezes inclui transplante de fígado Transplante de fígado O transplante de fígado é a remoção cirúrgica de um fígado saudável ou, às vezes, de parte de um fígado saudável de uma pessoa viva que, em seguida, é transferido para uma pessoa cujo fígado... leia mais ou criação de uma via na qual o sangue possa desviar-se do fígado (derivação portossistêmica).
(Veja também Considerações gerais sobre a doença hepática Considerações gerais sobre a doença hepática A doença hepática pode manifestar-se de formas muito diversas. As manifestações características incluem Icterícia (cor amarelada da pele e da parte branca dos olhos) Colestase (diminuição ou... leia mais .)
A veia porta recebe o sangue proveniente de todo o intestino, do baço, do pâncreas e da vesícula biliar e transporta-o para o fígado. Depois de entrar no fígado, a veia divide-se em ramo direito e ramo esquerdo e em pequenos canais que percorrem o fígado. Quando o sangue sai do fígado, volta para a circulação geral pela veia hepática.
Visão do fígado e da vesícula biliar
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Dois fatores podem aumentar a pressão sanguínea nos vasos sanguíneos portais:
Um aumento do volume de sangue fluindo pelos vasos
Resistência aumentada ao fluxo de sangue pelo fígado
Nos países ocidentais, a causa mais frequente de hipertensão portal é o aumento da resistência ao fluxo sanguíneo provocado pela cicatrização extensa do fígado na cirrose Cirrose hepática Cirrose é a distorção disseminada da estrutura interna do fígado que ocorre quando uma grande quantidade de tecido hepático normal é permanentemente substituída por tecido cicatricial não funcional... leia mais . As causas mais frequentes da cirrose são
Hepatite C crônica Considerações gerais sobre a hepatite crônica A hepatite crônica define-se como uma inflamação do fígado que se prolonga durante, pelo menos, seis meses. As causas comuns incluem os vírus da hepatite B e C e determinados medicamentos. A... leia mais (hepatite C que dura, no mínimo, seis meses)
A hipertensão portal leva ao desenvolvimento de novas veias (denominadas vasos colaterais) que desviam do fígado. Essas veias conectam diretamente os vasos sanguíneos portais às veias que levam o sangue do fígado para a circulação geral. Devido a esse desvio, as substâncias (como toxinas) que, em condições normais são removidas do sangue pelo fígado, entram na circulação sanguínea geral de forma direta. Os vasos colaterais surgem em locais específicos. Os mais importantes estão localizados na extremidade inferior do esôfago e na parte superior do estômago. Lá, os vasos se dilatam e apresentam muitas torções e voltas – ou seja, eles se transformam em veias varicosas no esôfago (varizes esofágicas) ou no estômago (varizes gástricas). Essas veias dilatadas são frágeis e propensas ao sangramento Hemorragia gastrointestinal Hemorragia pode ocorrer em qualquer região do trato digestivo (gastrointestinal ou GI), da boca ao ânus. O sangue pode ser facilmente visto a olho nu (exposto) ou ocorrer em quantidades muito... leia mais , às vezes sério, e, ocasionalmente, com resultados fatais. Outros vasos colaterais podem desenvolver-se em volta da parede abdominal e do reto.
A hipertensão portal frequentemente faz com que o baço aumente de tamanho, pois a pressão interfere no fluxo sanguíneo do baço para os vasos sanguíneos portais. Quando o baço aumenta, o número (contagem) de glóbulos brancos diminui (aumentando o risco de infecções) e o número (contagem) de plaquetas pode diminuir (aumentando o risco de sangramento).
A pressão aumentada nos vasos sanguíneos portais pode fazer com que o líquido (ascítico) com proteínas vaze da superfície do fígado e do intestino e se acumule dentro do abdômen. Esse quadro clínico é denominado ascite Ascite A ascite consiste em um acúmulo de líquido (ascítico) que contém proteínas dentro do abdômen. Muitos distúrbios podem causar ascite, mas o mais comum é o aumento da pressão arterial nas veias... leia mais .
Sintomas de hipertensão portal
A hipertensão portal isoladamente não provoca sintomas, mas algumas das suas consequências, sim. Se uma grande quantidade de líquido se acumula no abdômen (chamada ascite), ele incha (distende-se), às vezes de forma evidente, e às vezes o suficiente para aumentar bastante o volume e a tensão do abdômen. Essa distensão pode ser desconfortável ou dolorida. Um baço aumentado pode provocar uma sensação vaga de desconforto na parte superior esquerda do abdômen.
As veias varicosas localizadas no esôfago e no estômago sangram com facilidade e, por vezes, de forma maciça. Em seguida, a pessoa pode vomitar sangue ou material escuro que lembra borra de café. As fezes podem estar escuras e negras. De forma muito menos comum, as veias varicosas no reto podem sangrar. Em seguida, as fezes podem conter sangue vermelho. O sangramento dessas veias pode resultar em morte.
Os vasos sanguíneos colaterais podem estar visíveis na pele do abdômen e ao redor do reto.
Quando as substâncias que normalmente são removidas do fígado passam para a circulação geral e chegam ao cérebro, elas podem provocar confusão ou sonolência (encefalopatia hepática Encefalopatia hepática A encefalopatia hepática é a deterioração da função cerebral que ocorre em pessoas com doença hepática grave, porque substâncias tóxicas normalmente eliminadas pelo fígado se acumulam no sangue... leia mais ). Como a maioria das pessoas com hipertensão portal também apresenta um funcionamento inadequado do fígado, elas podem apresentar sintomas de insuficiência hepática Insuficiência hepática A insuficiência hepática define-se como uma grave deterioração da função do fígado. A insuficiência hepática é causada por um distúrbio ou substância que lesiona o fígado. A maioria das pessoas... leia mais , como uma tendência ao sangramento.
Diagnóstico de hipertensão portal
Avaliação médica
Às vezes, exames de sangue e testes para avaliar a função mental
Exames de imagem, como ultrassonografia
Geralmente, os médicos podem reconhecer a hipertensão portal com base nos sintomas e achados durante o exame físico. Os médicos geralmente podem palpar o aumento do tamanho do baço ao examinarem o abdômen. Eles também podem detectar a presença de líquido no abdômen ao observar o aumento de volume deste e ao escutar um som surdo perceptível quando se bate ligeiramente no abdômen (percussão).
Os médicos podem suspeitar de encefalopatia hepática Encefalopatia hepática A encefalopatia hepática é a deterioração da função cerebral que ocorre em pessoas com doença hepática grave, porque substâncias tóxicas normalmente eliminadas pelo fígado se acumulam no sangue... leia mais , com base nos sintomas (como confusão), mas podem ser necessários os exames de sangue e os testes projetados para avaliar a função mental.
Pode-se realizar uma ultrassonografia para avaliar o fluxo sanguíneo na veia porta e nos vasos adjacentes e para detectar a presença de líquido no abdômen. A ultrassonografia, a ressonância magnética (RM) ou a tomografia computadorizada (TC) podem ser usadas para procurar por vasos colaterais (consulte Exames de diagnóstico por imagem do fígado e da vesícula biliar Exames de diagnóstico por imagem do fígado e da vesícula biliar Exames de imagem do fígado, vesícula biliar e trato biliar incluem ultrassonografia, cintilografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), colangiopancreatografia retrógrada... leia mais ).
De forma menos comum, um cateter é inserido por uma incisão no pescoço e avançado pelos vasos sanguíneos até o fígado para medir a pressão nos vasos sanguíneos portais.
Tratamento de hipertensão portal
Para sangramento, medicamentos para desacelerar o sangramento, transfusões de sangue e/ou endoscopia
Por vezes, uma cirurgia para redirecionar o fluxo sanguíneo (derivação portossistêmica)
Algumas vezes, transplante de fígado
Controle do sangramento
O sangramento das varizes esofágicas Estancamento de hemorragias é uma emergência médica. Os medicamentos, como a vasopressina ou octreotídeo, podem ser fornecidos por via intravenosa para que as veias com sangramento se contraiam e, consequentemente, diminuam o sangramento. Transfusões de sangue são fornecidas para substituir o sangue perdido. Os médicos geralmente usam um tubo de visualização flexível (endoscópio), inserido pela boca até o esôfago, para confirmar se o sangramento é causado pelas varizes. Trabalhando através do endoscópio, o médico pode aplicar tiras de borracha para laquear as veias.
Para minimizar o risco de hemorragia das varizes esofágicas, o médico pode tentar reduzir a pressão na veia porta. Uma maneira é administrar beta-bloqueadores como timolol, propranolol, nadolol ou carvedilol.
Os médicos monitoram regularmente as pessoas com sangramento de varizes, porque o sangramento pode recorrer.
Desvio portossistêmico
Se o sangramento continuar ou apresentar recorrências repetidas, um procedimento denominado derivação portossistêmica pode ser realizado para ligar a veia porta ou uma das suas ramificações a uma veia na circulação geral. Esse procedimento desvia a maior parte do sangue que normalmente entra no fígado. Esse desvio (denominado derivação) diminui a pressão na veia porta, já que a pressão na circulação geral é bem mais baixa.
Há vários tipos de procedimentos de derivação portossistêmica. Em um tipo, denominado derivação portossistêmica intra-hepática transjugular (transjugular intrahepatic portosystemic shunting, TIPS), os médicos, usando radiografias como guia, inserem um cateter com uma agulha em uma veia no pescoço, avançando-a para as veias no fígado. O cateter é usado para criar uma passagem (derivação) que liga a veia porta (ou uma das suas ramificações) diretamente a uma das veias hepáticas. De forma menos comum, as derivações portossistêmicas são criadas cirurgicamente.
Os procedimentos de derivação geralmente conseguem parar o sangramento, mas conferem algum risco, especialmente encefalopatia hepática Encefalopatia hepática A encefalopatia hepática é a deterioração da função cerebral que ocorre em pessoas com doença hepática grave, porque substâncias tóxicas normalmente eliminadas pelo fígado se acumulam no sangue... leia mais . Pode ser necessário repetir o procedimento porque a derivação pode ser obstruída.