Uma vez que diversas doenças podem causar os mesmos sintomas, pode ser difícil para o médico e outros profissionais de saúde básica identificarem a causa. O médico inicialmente reúne as informações básicas ao conversar e examinar a pessoa. Com frequência, apenas isso é necessário para fazer um diagnóstico. No mínimo, as informações básicas reduzem a lista de possibilidades e limita o número de exames que precisam ser realizados. Solicitar exames sem antes reduzir a lista de possibilidades ao mínimo pode ser dispendioso, aumentar o risco de um diagnóstico incorreto e expor a pessoa a riscos desnecessários (consulte Todos precisam de um exame? Todos precisam de um exame? ).
(Consulte também Considerações gerais sobre tomada de decisões médicas Considerações gerais sobre a tomada de decisões médicas Tanto as pessoas como seus médicos precisam tomar muitas decisões a respeito de assuntos médicos. As pessoas precisam decidir quando consultar um médico e se devem ou não fazê-lo. Os médicos... leia mais e A ciência da medicina A ciência da medicina Os médicos tratam pessoas há milhares de anos. A primeira descrição escrita de um tratamento médico é do Egito antigo e tem mais de 3.500 anos. Mesmo antes disso, os curandeiros e xamãs provavelmente... leia mais .)
A coleta de informações médicas básicas
Os médicos fazem um
Histórico clínico
Exame físico
Este processo ajuda a determinar quais doenças têm mais probabilidade de ser a causa dos sintomas do paciente e quais doenças podem deixar de ser consideradas.
Histórico clínico
Durante o histórico clínico, o médico faz perguntas ao paciente sobre seus sintomas, outros problemas de saúde conhecidos e eventos de saúde anteriores.
A descrição dos sintomas da pessoa (por exemplo, há quanto tempo eles vêm ocorrendo, se eles são constantes ou começam e param, e o que os alivia) é muito importante. O médico também faz perguntas sobre outros sintomas que a pessoa pode ter deixado de mencionar. Por exemplo, o médico normalmente pergunta se a pessoa com tosse também teve coriza e dor de garganta (o que pode sugerir que a causa da tosse é uma infecção das vias aéreas superiores).
Diversos aspectos da vida ou os antecedentes da pessoa podem colocá-la sob um risco maior de desenvolver certas doenças. Por exemplo, os fumantes têm um risco maior de desenvolver câncer do pulmão que os não-fumantes, as pessoas com diabetes têm um risco maior de desenvolver doença cardíaca que as pessoas sem diabetes e o risco de apresentar certas doenças pode variar de acordo com a etnia. Portanto, o histórico clínico com frequência inclui perguntas sobre
Doenças atuais e anteriores
Medicação de uso regular
Doenças de família
Histórico de viagens ao exterior
Práticas sexuais
Consumo de cigarro, álcool e/ou drogas ilícitas
Ocupação e passatempos
Quando estiver pensando na possível causa dos sintomas, o médico também leva em consideração as seguintes características daquela pessoa:
Idade
Gênero
Etnia
Exame físico
O médico realiza um exame físico depois de ter conversado com a pessoa. A presença ou a ausência de certos sinais físicos pode ajudar a reduzir a lista de doenças possíveis que podem estar causando os sintomas da pessoa.
O médico mede a frequência cardíaca, a frequência respiratória e a pressão arterial (chamados de sinais vitais) da pessoa e examina sua aparência global em busca de sinais gerais de doença. Sinais gerais de doença incluem a aparência de fraqueza, cansaço, palidez e sudorese ou ter dificuldade para respirar. Depois disso, o médico examina diferentes regiões do corpo, geralmente começando pela cabeça, passando pelo resto do corpo até chegar aos pés. O médico examina com mais atenção a área do corpo da pessoa em que estão localizados os sintomas, mas também verifica se há alterações em outras regiões.
Tipos de exames médicos
Os exames médicos são realizados por vários motivos, incluindo:
Diagnóstico
Triagem
Classificação e acompanhamento da doença
Algumas pessoas podem não se beneficiar dos exames (consulte Todos precisam de um exame? Todos precisam de um exame? ).
Exames de diagnóstico
Os exames de diagnóstico são realizados para descobrir a causa dos sintomas da pessoa. Quando estiver escolhendo os exames, o médico e outros profissionais de saúde básica levam as seguintes questões em consideração:
Quais doenças são as mais prováveis
Os riscos dos exames
O custo dos exames
A possibilidade da pessoa de ter acesso e realizar o exame
A exatidão dos exames
A gravidade dos sintomas e o estado de saúde geral da pessoa
As preferências da pessoa
As doenças mais prováveis são identificadas tomando por base o histórico clínico e o exame físico, levando em consideração os achados específicos e os antecedentes médicos de cada pessoa.
De modo geral, os médicos dão preferência a exames que
Sejam menos invasivos e apresentem menos risco (por exemplo, um exame de sangue em vez de uma biópsia)
Estão amplamente disponíveis
Têm um custo relativamente baixo
Sejam muito exatos
Sejam muito confiáveis
Contudo, nem todos os exames têm todas estas características favoráveis. O médico precisa tomar por base sua experiência e formação para escolher os melhores exames a serem recomendados para cada paciente.
Há diversos motivos que fazem com que uma pessoa não possa realizar a primeira escolha de exame do médico para certa doença. Alguns exemplos se encontram a seguir:
É possível que pessoas com claustrofobia se recusem a realizar uma ressonância magnética Ressonância magnética (RM) Na ressonância magnética (RM), um forte campo magnético e ondas de rádio de muito alta frequência são utilizados para produzir imagens em alto grau de detalhe. A RM não usa raios X e é normalmente... leia mais (RM)
É possível que pessoas com certos tipos de marca-passo artificial Marca-passos artificiais Existem muitas causas de ritmos cardíacos anormais (arritmias). Algumas arritmias são inofensivas e não precisam de tratamento. Às vezes, as arritmias param espontaneamente ou com mudanças no... leia mais não possam se submeter a uma RM
É possível que pessoas com doença renal ou alergia não possam receber injeções de meios de contraste usados em determinados exames de tomografia computadorizada (TC) ou de RM
É possível que pessoas que vivem em áreas remotas não possam viajar para certas clínicas em cidades maiores onde os exames são realizados.
É possível que a pessoa não consiga arcar com os custos do exame.
Nesses casos, o médico recomendaria a melhor opção seguinte de exame.
A gravidade dos sintomas e o estado geral da pessoa podem afetar a escolha dos exames de diagnóstico:
No caso de sintomas leves e que provavelmente não estão sendo causados por doença grave, é possível que o médico solicite menos exames. Caso necessário, outros exames podem ser realizados posteriormente.
No caso de doença e sintomas graves que indicam uma doença que pode vir a causar um prejuízo imediato, é possível que o médico solicite muitos exames de uma só vez para poder definir o diagnóstico com mais antecedência. Se a rapidez for essencial, o médico pode até mesmo recomendar a internação hospitalar.
Quando exames menos invasivos (por exemplo, um exame de sangue ou uma TC) não conseguirem revelar a causa da doença, o médico pode vir a recomendar um exame mais invasivo (geralmente uma biópsia ou procedimento cirúrgico) como sendo a próxima etapa. Nesses casos, é necessário que as pessoas compreendam os riscos e benefícios do procedimento proposto antes de concordarem em fazê-lo, ou seja, elas precisam dar seu consentimento livre e esclarecido Consentimento livre e esclarecido Antes de realizar um teste invasivo ou fornecer tratamento médico, os médicos devem obter a permissão de um paciente competente de forma que seja esclarecida e voluntária. O processo é conhecido... leia mais .
Em alguns casos especiais, o médico pode também perguntar à pessoa se ela tem interesse em saber se tem uma determinada doença ou em receber tratamento para aquela doença caso ela a tenha de fato (consulte Como definir as metas Como definir as metas Tanto as pessoas como seus médicos precisam tomar muitas decisões a respeito de assuntos médicos. As pessoas precisam decidir quando consultar um médico e se devem ou não fazê-lo. Os médicos... leia mais ).
Exames preventivos
Os exames preventivos são usados para detectar uma doença em pessoas que não apresentam os sintomas. Por exemplo, a maioria dos profissionais de saúde básica recomenda que todas as pessoas com mais de 45 anos realizem uma colonoscopia para detectar se elas têm câncer de cólon, mesmo que elas não tenham sintomas e tenham uma boa saúde. Os exames preventivos se baseiam na ideia natural de que o desfecho será melhor se uma doença for reconhecida e tratada nos estágios iniciais. Embora seja lógico o suficiente, essa ideia nem sempre está correta. Para algumas doenças, como o câncer no testículo e o câncer no ovário, não parece haver qualquer diferença no desfecho entre as pessoas cuja doença é detectada pelos exames preventivos e nas pessoas cuja doença é diagnosticada depois do aparecimento dos primeiros sintomas.
Outro possível problema com os exames preventivos é que os resultados normalmente exigem confirmação por meio de um exame mais definitivo. Por exemplo, é possível que uma mulher que tenha resultados alterados na mamografia precise fazer uma biópsia da mama. Esses exames definitivos frequentemente são invasivos, desconfortáveis e algumas vezes um pouco perigosos. Por exemplo, uma biópsia pulmonar pode resultar em um pulmão colapsado. Como os exames preventivos algumas vezes têm resultados alterados em pessoas sem a doença (o que é comum, pois nenhum exame é 100% exato), algumas pessoas passam por exames desnecessários que podem causar danos à sua saúde.
Assim, o médico recomenda que sejam realizados exames preventivos apenas no caso de doenças para as quais a realização de exames preventivos demonstrou melhorar os desfechos.
Os ensaios clínicos são necessários para informar quais exames preventivos são eficazes e quais pessoas devem fazê-los. Apesar dos questionamentos, está claro que, para algumas doenças, como hipertensão arterial e câncer de colo do útero, os exames preventivos salvam vidas. Para poder ser útil, o exame preventivo precisa
Ser exato
Ter um custo relativamente baixo
Trazer um baixo risco
Causar pouco ou nenhum desconforto
Melhorar os desfechos
Exames de classificação
Alguns exames são usados para classificar e medir a gravidade de uma doença que já foi diagnosticada. Os resultados podem levar a opções de tratamentos mais específicos e eficazes. Por exemplo, depois de confirmado o diagnóstico do câncer da mama, são realizados exames complementares para determinar o tipo de câncer da mama e para ver se o câncer se disseminou e para onde.
Exames de monitoramento
Também existem exames para monitorar a evolução de uma doença ao longo do tempo, frequentemente para determinar a resposta ao tratamento. Por exemplo, exames de sangue são feitos periodicamente em pessoas que tomam o hormônio tireoidiano para tratar o hipotireoidismo, para determinar se a dosagem do hormônio é a mais adequada para atender às necessidades do paciente. Uma decisão sobre a frequência com que a pessoa necessita desses exames é tomada com base na situação da pessoa.
Como interpretar resultados de exames
Os exames não são perfeitos (consulte Todos precisam de um exame? Todos precisam de um exame? ). Algumas vezes, o resultado do exame é normal em pessoas que têm a doença que está sendo testada, ou seja, o exame pode ter um resultado falso negativo. Algumas vezes, o resultado do exame está alterado em pessoas que não têm a doença que está sendo testada, ou seja, o exame pode ter um resultado falso positivo.
Duas características muito importantes de um exame diagnóstico são a sua sensibilidade e sua especificidade:
Sensibilidade: a probabilidade de um resultado estar alterado em pessoas que têm a doença que está sendo testada.
Especificidade: a probabilidade de um resultado ser normal em pessoas que não têm a doença.
Essas duas características importantes podem ser determinadas apenas por meio de estudos com desenho adequado.
Portanto, os médicos precisam confiar nos conhecimentos sobre a exatidão do exame, seu conhecimento médico e nas circunstâncias daquela pessoa quando estiverem interpretando o significado de um resultado de exame positivo ou negativo. Quando o médico tiver uma forte suspeita de que certa doença está presente, mesmo quando um resultado de exame inicial seja negativo, ele então solicita outros exames para detectar aquela doença.