Os distúrbios do fígado, duto biliar ou pâncreas podem provocar colestase.
A pele e a parte branca dos olhos ficam amareladas, a pele coça, a urina fica escura e as fezes podem se tornar claras e com odor desagradável.
Os testes laboratoriais e os exames de diagnóstico por imagem são necessários para identificar a causa.
O tratamento depende da causa, mas os medicamentos podem aliviar a coceira.
(Veja também Considerações gerais sobre o fígado e a vesícula biliar Considerações gerais sobre o fígado e a vesícula biliar Localizados na região superior direita do abdômen, o fígado e a vesícula biliar são dois órgãos ligados entre si através de dutos chamados vias biliares, canais que desembocam no primeiro segmento... leia mais , Vesícula e trato biliar Vesícula biliar e trato biliar A vesícula biliar é uma pequena bolsa de tecido muscular em formato de pera, que armazena a bile e é interligada ao fígado por dutos conhecidos como trato biliar. (Veja também Considerações... leia mais e Considerações gerais sobre a doença hepática Considerações gerais sobre a doença hepática A doença hepática pode manifestar-se de formas muito diversas. As manifestações características incluem Icterícia (cor amarelada da pele e da parte branca dos olhos) Colestase (diminuição ou... leia mais .)
Na presença de colestase, o fluxo da bile é prejudicado em algum ponto entre as células do fígado (que produzem bile) e o duodeno (o primeiro segmento do intestino delgado). Quando o fluxo da bile é obstruído, o pigmento bilirrubina (um produto residual formado pela destruição dos glóbulos vermelhos velhos ou danificados) passa para a corrente sanguínea e se acumula. Normalmente, a bilirrubina se junta à bile no fígado, passa pelos dutos biliares e chega ao trato digestivo, sendo eliminada do corpo. A maior parte da bilirrubina é eliminada nas fezes, mas uma pequena parte é eliminada na urina.
Visão do fígado e da vesícula biliar
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Causas de colestase
As causas de colestase estão divididas em dois grupos: com origem intra-hepática e extra-hepática.
Intra-hepática
As causas incluem hepatite aguda Considerações gerais sobre a hepatite viral aguda A hepatite viral aguda é uma inflamação do fígado, normalmente significando uma inflamação provocada por infecção por um dos cinco vírus da hepatite. Na maioria das pessoas, a inflamação começa... leia mais , doença hepática relacionada ao álcool Doença hepática relacionada ao álcool , cirrose biliar primária Colangite biliar primária (CBP) A colangite biliar primária (CBP) é uma inflamação com fibrose progressiva dos dutos biliares no fígado. Por fim, os dutos são bloqueados, o fígado é tomado por cicatrizes e ocorre o desenvolvimento... leia mais com inflamação e fibrose dos dutos biliares, cirrose devido à hepatite viral B ou C Considerações gerais sobre a hepatite Hepatite é uma inflamação do fígado. (Consulte também Considerações gerais sobre a hepatite viral aguda e Considerações gerais sobre a hepatite crônica.) Hepatite é comum em todo o mundo. Hepatite... leia mais (também com inflamação e cicatrização dos dutos biliares), certos medicamentos (p. ex., amoxicilina/clavulanato, clorpromazina, azatioprina e contraceptivos orais), efeitos hormonais sobre o fluxo biliar durante a gestação (um quadro clínico denominado colestase da gravidez Colestase da gravidez Algumas doenças hepáticas ocorrem somente durante a gravidez. Outros (tais como cálculos biliares, cirrose ou hepatite) talvez tenham estado presentes antes da gravidez ou podem ter coincidido... leia mais ) e câncer que se espalhou para o fígado.
Extra-hepática
As causas incluem cálculo no duto biliar Cálculos biliares Os cálculos biliares são depósitos de material sólido (predominantemente de cristais de colesterol) na vesícula biliar. O fígado pode secretar muito colesterol, que é transportado com a bile... leia mais , estreitamento (estenose) de um duto biliar, câncer do duto biliar, câncer de pâncreas e inflamação do pâncreas (pancreatite Considerações gerais sobre pancreatite A pancreatite é a inflamação do pâncreas. O pâncreas é um órgão em forma de folha de aproximadamente 13 centímetros de comprimento. Ele está rodeado pela parte inferior do estômago e pela primeira... leia mais ).
Sintomas de colestase
Os sintomas característicos da colestase são icterícia Icterícia em adultos Na icterícia, a pele e a parte branca dos olhos ficam amareladas. Ela ocorre quando há excesso de bilirrubina (um pigmento amarelo) no sangue - uma condição denominada hiperbilirrubinemia. ... leia mais , urina escura, fezes claras e coceira generalizada. Icterícia é a coloração amarela da pelo e dos olhos, que resulta do excesso de bilirrubina depositada na pele, e a urina escura por um aumento da bilirrubina excretada pelos rins. A pele coça, possivelmente pelo acúmulo de produtos da bile na pele. Arranhar pode danificar a pele. As fezes podem ficam claras devido a um bloqueio na passagem da bile para o intestino, impedindo que seja eliminado do corpo pelas fezes. As fezes podem conter gordura demais (um quadro clínico chamado esteatorreia) porque a bile não consegue chegar ao intestino para ajudar a digerir a gordura nos alimentos. As fezes gordurosas podem apresentar odor desagradável.
A carência de bile no intestino também implica uma absorção inadequada de cálcio e vitamina D. Quando a colestase persiste, a falta desses nutrientes pode provocar uma perda de tecido ósseo. A vitamina K, necessária à coagulação do sangue, também é absorvida de forma insuficiente pelo intestino, causando uma tendência para sangrar com facilidade.
Uma icterícia prolongada decorrente da colestase produz depósitos amarelos de gordura na pele e conferindo-lhe uma cor barrenta. A causa subjacente à colestase vai determinar se a pessoa apresenta outros sintomas, como dor abdominal, perda de apetite, vômitos ou febre.
Diagnóstico de colestase
Exames de sangue
Se os resultados dos exames de sangue forem anormais, um exame de imagem, geralmente ultrassonografia
Às vezes, biópsia de fígado
Um médico suspeita de colestase em pessoas com icterícia e tenta determinar se a causa é intra-hepática ou extra-hepática, com base nos sintomas e nos resultados de um exame físico.
O uso recente de medicamentos que podem provocar colestase são também indicadores de uma causa intra-hepática. A presença de pequenos vasos sanguíneos em formato de aranha (denominados angiomas de aranha) visíveis na pele, o aumento do tamanho do baço e a presença de líquido na cavidade abdominal (ascite Ascite A ascite consiste em um acúmulo de líquido (ascítico) que contém proteínas dentro do abdômen. Muitos distúrbios podem causar ascite, mas o mais comum é o aumento da pressão arterial nas veias... leia mais ) – sinais de doença hepática crônica – também sugerem uma causa intra-hepática.
Os sinais que sugerem tratar-se de uma causa extra-hepática incluem certos tipos de dor abdominal (como a dor intermitente na parte superior direita do abdômen e, por vezes, também no ombro direito) e um aumento do tamanho da vesícula biliar (que o médico pode observar ou que pode detectar por meio de exames de imagem).
Alguns sintomas (como perda do apetite, náuseas e vômitos) não indicam se a causa está dentro ou fora do fígado.
Normalmente, os exames de sangue são realizados para medir os níveis de duas enzimas (fosfatase alcalina e a gama-glutamil transpeptidase), que estão muito altos em pessoas com colestase. No entanto, se o nível de fosfatase alcalina estiver muito alto, mas o nível de gama-glutamil transpeptidase estiver normal, é provável que a causa do alto nível de fosfatase alcalina não seja colestase. A quantidade de bilirrubina no sangue, determinada por meio de um exame, pode constituir um bom indicador da gravidade da colestase, mas não da sua causa.
Um estudo de diagnóstico por imagem Exames de diagnóstico por imagem do fígado e da vesícula biliar Exames de imagem do fígado, vesícula biliar e trato biliar incluem ultrassonografia, cintilografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), colangiopancreatografia retrógrada... leia mais , geralmente ultrassonografia, é quase sempre feito caso os resultados do exame de sangue sejam anormais. A tomografia computadorizada (TC) e, às vezes, a ressonância magnética (RM) podem ser realizadas como complementação ou em vez da ultrassonografia. Quando se suspeita que a causa possa ser intra-hepática, é realizada uma biópsia de fígado Biópsia de fígado Os médicos podem obter uma amostra do tecido do fígado durante uma cirurgia exploratória, mas é mais frequente que obtenham uma amostra introduzindo uma agulha oca no fígado da pessoa através... leia mais que, muitas vezes, permite estabelecer o diagnóstico.
Se a causa parecer ser uma obstrução dos dutos biliares, imagens mais precisas desses dutos são geralmente necessárias. Normalmente, um dos seguintes procedimentos é realizado:
Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica Colangiopancreatografia retrógrada endoscópica Exames de imagem do fígado, vesícula biliar e trato biliar incluem ultrassonografia, cintilografia, tomografia computadorizada (TC), ressonância magnética (RM), colangiopancreatografia retrógrada... leia mais (CPRE): Um tubo de visualização flexível (endoscópio) é inserido pela boca até o intestino delgado e um contraste radiopaco (que pode ser visto nas radiografias) é injetado pelo tubo nos dutos biliares e pancreáticos. Em seguida, são realizadas radiografias.
Colangiopancreatografia por ressonância magnética Ressonância magnética (CPRM): a CPRM é a RM dos dutos pancreáticos e biliares, com técnicas especializadas usadas para que o líquido nos dutos fique brilhante e os tecidos adjacentes pareçam escuros.
Ultrassonografia endoscópica: as imagens são obtidas por uma sonda de ultrassom inserida com um tubo de visualização flexível (endoscópio) pela boca e até o intestino delgado.
Tratamento da colestase
Para obstruções dos dutos biliares, cirurgia ou endoscopia
Para obstruções no interior do fígado, tratamentos variados dependendo da causa
Para coceira, colestiramina
Uma obstrução dos dutos biliares pode ser geralmente tratada com cirurgia ou endoscopia (usando um tubo de visualização flexível com instrumentos cirúrgicos acoplados).
Uma obstrução no interior do fígado pode ser tratada de várias formas, dependendo da causa. Se um medicamento for a causa suspeita, o médico deve descontinuar seu uso. Quando a causa é uma hepatite aguda, a colestase e a icterícia costumam desaparecer quando a hepatite completou o seu curso. Durante esse período, aconselha-se a pessoa com colestase a evitar ou a interromper o uso de qualquer substância que seja tóxica para o fígado, como o álcool e determinados medicamentos.
Para aliviar a coceira, pode ser administrada colestiramina por via oral. Esse medicamento une-se a determinados produtos biliares no intestino, de forma que estes não podem ser reabsorvidos e não irritam a pele.
A administração de vitamina K pode melhorar a coagulação do sangue, a menos que o fígado se encontre gravemente danificado.
Quando a colestase persiste, também costuma-se administrar suplementos de cálcio e de vitamina D, ainda que não sejam muito eficazes na prevenção da perda de tecido ósseo.