Alimentos processados, alimentos orgânicos e alimentos transgênicos ou geneticamente modificados

PorShilpa N Bhupathiraju, PhD, Harvard Medical School and Brigham and Women's Hospital;
Frank Hu, MD, MPH, PhD, Harvard T.H. Chan School of Public Health
Revisado/Corrigido: fev 2023
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Alimentos processados

O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) define um alimento processado como sendo qualquer produto agrícola cru que tenha sido lavado, limpo, moído, cortado, picado, aquecido, pasteurizado, branqueado, cozido, enlatado, congelado, secado, desidratado, misturado, embalado ou passado por outros procedimentos que alteram o estado natural do alimento.

Com base nessa definição, praticamente todos os alimentos passam por algum tipo de processamento. No entanto, alguns métodos modernos de processamento alimentar removem os nutrientes dos alimentos. Por exemplo, a moagem remove o farelo e o germe e, portanto, fibras, ferro e muitas vitaminas do complexo B dos grãos. O processamento também costuma adicionar aditivos, tais como conservantes (por exemplo, benzoatos, sorbatos, nitritos, sulfitos e ácido cítrico); corantes, aromatizantes e adoçantes artificiais; estabilizadores; emulsificantes; vitaminas e sais minerais sintéticos e outros aditivos, incluindo sal, glutamato monossódico (MSG), açúcar, gordura e óleos refinados. Alguns aditivos alimentares podem ter um efeito adverso, sobretudo em crianças.

Os alimentos ultraprocessados (por exemplo, doces, lanches salgados, bebidas adoçadas com açúcar, refeições prontas para comer e fast food) são cada vez mais comuns e compõem quase metade dos alimentos consumidos em muitos países. Eles são feitos de ingredientes baratos (incluindo gorduras não saudáveis, grãos e amidos refinados e açúcar e sal adicionados) que costumam ser combinados com aditivos alimentares (incluindo corantes, aromatizantes e conservantes artificiais) para torná-los baratos e excepcionalmente saborosos e para prolongar a vida útil. A maioria contém pouco ou nenhum alimento integral. Esses alimentos promovem alimentação excessiva e ganho de peso e fornecem uma relativa escassez de nutrientes valiosos, aumentando os riscos de resistência à insulina e, possivelmente, outros distúrbios (p. ex., doença arterial coronariana, depressão, síndrome do intestino irritável, câncer e até mesmo morte precoce).

Alimentos orgânicos

Para que um alimento possa ser identificado como sendo um alimento orgânico certificado pelo Departamento de Agricultura dos EUA, o alimento orgânico precisa ser cultivado e processado de acordo com diretrizes federais que abordam muitos fatores, incluindo a qualidade do solo, práticas de criação de animais, controle de pragas e ervas daninhas e o uso de aditivos. Por exemplo, para que a carne possa ser identificada como sendo orgânica, os animais precisam ser criados em condições que acomodem seus comportamentos naturais (por exemplo, a capacidade de pastar em um pasto), eles precisam ser alimentados com ração e forragem 100% orgânicas e não podem receber antibióticos nem hormônios. Para poder ser identificado com selo de produto orgânico certificado pelo Departamento de Agricultura dos EUA, o produto precisa conter 95% de ingredientes orgânicos.

Embora a certeza e a abrangência dos benefícios para a saúde atribuídos aos alimentos orgânicos ainda sejam desconhecidas, a ausência de antibióticos ajuda a prevenir a resistência a antibióticos. Pesticidas sintéticos também podem aumentar o risco de ter autismo, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) e comprometimento das habilidades cognitivas em crianças. Uma estratégia para ajudar a conter o aumento dos custos dos alimentos orgânicos é considerar as listas anuais de níveis de pesticidas do Grupo de Trabalho Ambiental (Environmental Working Group, EWG) que elencam a dúzia suja (verduras e frutas que foram contaminados com mais pesticidas que outras safras) e os quinze limpos (verduras e frutas que contêm as menores quantidades de resíduos de pesticidas).

Alimentos transgênicos ou geneticamente modificados

Os alimentos transgênicos ou geneticamente modificados são alimentos que contêm organismos geneticamente modificados (OGM).

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), alimentos transgênicos ou geneticamente modificados contêm DNA que foi modificado por meio de técnicas de laboratório e que não podem ser criados por meio de cultivo convencional ou encontrados na natureza. Os alimentos geneticamente modificados têm existido nos EUA desde o início da década de 1990 e sua segurança em humanos e animais é supervisionada pela Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (Food and Drug Administration, FDA), pela Agência de Proteção Ambiental (Environmental Protection Agency, EPA) e pelo Ministério da Agricultura dos EUA.

A partir de janeiro de 2022, os alimentos precisam indicar no rótulo se são um alimento transgênico ou não. Esses alimentos costumam ser ingredientes comuns em outros alimentos e talvez possam ser difíceis de identificar.

Embora o consumo de alimentos transgênicos não represente um risco à saúde humana, grupos de defesa da segurança alimentar levantaram preocupações tais como o desenvolvimento de alergias (se o DNA transferido tiver sido tomado de um alimento alergênico) e a resistência a antibióticos resultante do consumo de culturas resistentes a herbicidas que poderiam, teoricamente, transferir genes resistentes a antibióticos modificados para o trato digestivo humano. A OMS afirmou que o risco de tal resistência a antibióticos é muito pequeno, mas não insignificante.

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