Quando pensamos em infecções de ouvido, muitos podemos nos lembrar imediatamente daquela sensação de entupimento doloroso sentido na infância, juntamente com o sabor do remédio de goma de mascar rosa brilhante usado para tratá-las. Infecções de ouvido são comuns em crianças, e a grande maioria das crianças terá uma até o terceiro aniversário.

Mas nem todas as infecções de ouvido são iguais – os sintomas e tratamentos dependem da localização da infecção dentro do ouvido. Veja aqui algumas coisas que pais e pacientes devem saber enquanto se preparam para conversar com o médico sobre uma infecção dolorosa do ouvido.

1. Todas as partes do ouvido podem ser infectadas

O ouvido é composto por três partes: externa (ouvido externo), ouvido médio e interna (ouvido interno). Todas essas três áreas podem ser infectadas. A infecção do ouvido externo é marcada por vermelhidão, dor e inchaço. Infecções na porção do canal do ouvido externo são frequentemente chamadas de ouvido de nadador. Elas são frequentemente causadas por uma combinação de uso de cotonete e exposição à água e são geralmente acompanhadas de dor, inchaço, vermelhidão, bem como perda auditiva e secreção.

Infecções do ouvido médio também são comuns e são normalmente causadas pela drenagem inadequada da trompa de Eustáquio de uma criança pequena. Os sintomas incluem dor, febre, perda auditiva e vermelhidão do tímpano.

No ouvido interno, as infecções podem afetar a cóclea e os canais de equilíbrio. Para além de infecções marcadas por perda auditiva, a infecção do ouvido interno pode afetar o equilíbrio, causando vertigem extrema que pode durar dias. A vertigem pode vir acompanhada por náusea e vômito. O tratamento é tipicamente limitado a tratar esses sintomas, incluindo muitos líquidos e medicamentos que podem reduzir os efeitos da vertigem.

2. Nem todas as infecções de ouvido exigem antibióticos orais

É importante que pacientes e pais entendam que infecções em diferentes partes do ouvido exigem diferentes tratamentos. Para infecções do ouvido externo, normalmente se recomenda realizar uma limpeza completa do ouvido juntamente com um antibiótico tópico aplicado diretamente no ouvido externo.

Infecções do ouvido médio são aquelas que normalmente exigem antibióticos orais. Nesses casos, antibióticos podem ser usados para tratar a infecção, mas a persistência de fluidos pode causar infecções recorrentes, caso em que os médicos podem procurar outros tratamentos.

3. Algumas crianças são mais propensas a infecções de ouvido do que outras

A persistência de fluidos no ouvido médio é frequentemente um sinal de que a trompa de Eustáquio de uma criança pequena não está drenando adequadamente. Em crianças pequenas, a trompa de Eustáquio não está totalmente desenvolvida, o que significa que fluido pode ficar preso no ouvido. Essa persistência de fluido pode resultar em infecções repetidas, bem como perda auditiva, o que pode afetar a linguagem e outros marcos de desenvolvimento em crianças pequenas.

Nesses casos, os médicos podem recomendar a colocação de tubos nos ouvidos da criança. Este é um procedimento cirúrgico simples que envolve fazer uma pequena incisão no tímpano para remover qualquer fluido remanescente e colocar um pequeno tubo (dreno) no tímpano para ajudar a prevenir o retorno de fluido.

Se a persistência do fluido já durar mais de três meses, a criança deve consultar um especialista em ouvido, nariz e garganta (otorrinolaringologista) e fazer um audiograma para documentar a audição. Da mesma forma, quatro infecções de ouvido em seis meses ou seis episódios em 12 meses normalmente justificam um encaminhamento ao otorrinolaringologista para considerar a colocação de tubos.

4. Os ouvidos são autolimpantes (isso significa nada de cotonetes… nem velas de ouvido!)

Há um velho ditado que diz que nada menor do que um cotovelo deve entrar no ouvido. Essa é uma boa regra geral. E é especialmente verdade para cotonetes – eles não pertencem dentro dos seus ouvidos, especialmente depois de você ter entrado na água. No caso de obstrução dos ouvidos depois de nadar, há gotas sem receita médica que podem ajudar a evaporar a água sem a necessidade de ferramentas invasivas ou intrusões perigosas. O uso de velas de ouvido também não é recomendado. Essa prática é ineficaz, desnecessária e perigosa.